A arte sempre foi uma ponte entre o que sinto e o que não sei dizer em palavras. Mas foi na colagem que encontrei uma forma profunda de acessar o que está guardado no meu inconsciente — aquelas imagens internas que pedem para vir à tona, mesmo quando a mente ainda não entende.
Quando comecei a me aprofundar no meu processo de autoconhecimento, percebi que nem tudo se revela pela lógica ou pela fala. Às vezes, o que precisa emergir vem de símbolos, cores, formas soltas. A colagem se tornou um ritual: sentar com revistas, tesoura e cola, e permitir que minhas mãos escolham por mim. Sem planejar. Sem julgar. Só deixando acontecer.
Carl Jung falava sobre o inconsciente como um vasto campo de imagens arquetípicas e símbolos que atravessam culturas e histórias. Para ele, os sonhos, os mitos e as expressões artísticas são formas legítimas de acessar esse universo interior. Quando estou criando uma colagem, sinto que toco exatamente esse lugar que Jung descreveu — onde o inconsciente pessoal se encontra com o inconsciente coletivo, revelando fragmentos que, muitas vezes, fazem mais sentido para a alma do que para a razão.
É impressionante como, no fim de cada colagem, surge uma história. Um símbolo que me persegue há dias. Uma emoção que eu não sabia que estava ali. Uma mensagem que parece ter vindo direto da minha alma. Sinto que cada imagem que escolho carrega um significado oculto, e cada composição revela algo que estava pronto para ser visto.
A colagem me lembra que não preciso ter todas as respostas de forma racional. Que meu inconsciente fala comigo — e que a arte é um canal direto para isso. É um processo terapêutico, intuitivo e transformador. É como se eu abrisse uma porta para dentro de mim, e o que sai de lá vem com beleza, com verdade, com potência.
Se você está em um caminho de autoconhecimento, experimentar a colagem pode ser um convite a escutar sua voz mais profunda. Porque, no fundo, a gente já sabe. Só precisa criar espaço para ouvir.